Sou mais Santo que você!
"Não
bombardeiem de críticas as pessoas quando elas cometem um erro, a menos que
queiram receber o mesmo tratamento. O espírito crítico é como um bumerangue. É
fácil ver uma mancha no rosto do próximo e esquecer-se do feio riso de escárnio
no próprio rosto. Vocês têm o cinismo de dizer: ‘Deixe-me limpar o seu rosto’,
quando o rosto de vocês está distorcido pelo desprezo? Isso também é teatro, é
fazer o jogo do sou mais santo que você’, em vez de simplesmente viver a vida.
Tire o cinismo do rosto e, então, você poderá oferecer uma toalha ao seu
próximo, para que ele também limpe o rosto. (MATEUS 7. 1-7).
Quando
Mateus, discípulo de Jesus Cristo, toma nota das palavras de Jesus, penso que
Mateus não estava compreendendo o ensinamento, mas quando o Mestre estendia a
mão para ajudar os necessitados, Mateus o publicano conseguia perceber que
havia chegado o tempo de “oferecer uma toalha” aos que aceitavam ser limpos da
sujeira dogmática imposta pela hegemonia religiosa de seu tempo, a saber,
século I d.C.
O
texto de Mateus 7 nos remete a Emmanuel Lévinas (1906-1995) que em sua ética da
alteridade, isto é, a ética é a filosofia primeira, sendo as demais filosofias
seus ramos. Para ele a ética é a ordem que vem até nós no encontro do Eu com o
Outro, ou seja, face a face com o diferente, e não um código moral ou uma lei.
A ética em Lévinas se traduz em o movimento do Eu para o Outro.
Isso
pode ser a mensagem que o Evangelho de Cristo transmite, porém não se percebe,
pois para perceber é necessário colocar-se no lugar do outro. O Cristo propôs
isso aos seus discípulos. Assim penso que é tempo de limparmos uns aos outros
como Jesus ensinou em Mateus 7.
É
um tempo de “oferecermos a Toalhas da alteridade” e não apontarmos a “sujeira
alheia”, pois a alteridade é o que do Outro nos escapa e aceitamos sem o filtro
englobante da racionalização, porém o que está fora de uma totalidade regular
necessária para os relacionamentos padrões na história da vida, mas a vida da
história nasce nas relações do Eu com o Outro.
Que
possamos entender o que Jesus Cristo ensinou e ensina através do evangelho que
liberta o oprimido pelas amarras sociais reproduzidas por uma sociedade
desigual, e como já disse Michael Löwy (1938): que lutemos por um cristianismo
que liberte-nos e não um cristianismo longe do evangelho e sem propósitos.
Franc Casagrande da Silva
lattes.cnpq.br/5922937061628400
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