Deus é injusto?
Países em guerra, inocentes sendo mortos, crianças vítimas de violência, políticos roubando a nação, pessoas sofrendo fome e miséria, uma lista interminável de coisas ruins que ouvimos e vemos todos os dias. Ao nos depararmos com tantas calamidades e tristezas, as reações são as mais variadas.
Nos revoltamos, sentimos raiva, tentamos encontrar motivos, descobrir soluções e,
muitas vezes questionamos o porquê de tanta iniquidade.
Diante das injustiças vivenciadas, não são poucas as pessoas, que em algum momento se perguntam aonde Deus está. Por que ele sendo amor permite que crueldades aconteçam? Por que ele sendo tão poderoso não impede as calamidades? Onde se encaixa a onipresença dEle quando muitos precisam de ajuda e não têm a quem recorrer? Bem provável que, em algum momento, todos já tivemos esse tipo de questionamento, não no sentido de que Deus nos deva explicações, mas porque é natural que soframos e queiramos entender os motivos de as coisas aconteceram da forma que acontecem. Existe, porém, aquelas pessoas que num tom de ironia e sarcasmo, perguntam: “Ué, Deus não é amor e justiça? Por que permite sofrimento e injustiças?”. Não gosto de generalidades, mas, na maioria das vezes, as pessoas que fazem esse tipo de questionamento, não se relacionam intimamente com Deus, isto é, acreditam nEle como criador do mundo e responsável por tudo que aqui acontece, entretanto, não vivem o relacionamento pai e filho, nem desfrutam de comunhão com ele. Dessa forma, tem-se a ideia de que quando ocorrem coisas boas, Deus é bom, todavia, quando ocorrem coisas ruins, a bondade dEle passa a ser questionada. A tendência é sempre pensar que se Deus é justo, consequentemente a vida deve ser justa. Ou seja, confunde-se Deus com a realidade física da vida. Contudo, se nós, como cristãos esperarmos que todos os nossos dias sejam de prosperidade, boa saúde e alegria, iremos nos decepcionar, pois a existência de Deus e seu amor por nós não depende de prosperidade, boa saúde e alegria. Se servimos a Deus esperando que ele nos proporcione a vida como um mar de rosas, então não o servimos pelo o que Ele é e sim pelo que pode nos oferecer. Teríamos então, um relacionamento de interesses.
Os momentos difíceis são necessários, pois são eles que nos farão apegar-nos a uma confiança incondicional em Deus; nos farão deixar a "fé contratual" - "Seguirei a Deus se ele me tratar bem" -para um relacionamento que vai além das circunstâncias da vida.
Thielicke afirmou em um de seus livros que: "As mais difíceis indagações da vida nunca são 'removidas' (nunca ficamos sabendo por que Deus faz isto, ou aquilo, por que um avião cai ou acontece um desastre numa mina). Mas somos 'redimidos' do poder destrutivo dessas perguntas. O pânico não mais pode nos surpreender quando não entendemos o sentido daquilo que Deus permite que nos aconteça. O seu amor não mais nos confundirá; aprenderemos a crer naquele amor mesmo quando não compreendemos os meios que aquele amor escolhe para se expressar."(apud YANCEY 1997, p.124)¹ Nem sempre teremos respostas para as coisas ruins que acontecem, mas sempre teremos certeza de um Deus justo, e que verdadeiramente nos ama.
Deus é injusto?
A resposta depende da associação que fazemos entre Deus e a vida. A vida na terra com certeza é injusta, Jesus foi a maior prova disso, quando injustamente foi perseguido, humilhado e maltratado até a morte de cruz. Entretanto, tal ato não nos faz pensar que Deus é mau ao permitir isso. Mas nos faz entender, ainda que imperfeitamente, a grandiosidade do seu amor por nós, capaz de entregar à injustiça seu único filho "para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). Enquanto estivermos nessa terra, sabemos que por muitos momentos padeceremos aflições, porém, estamos certos também da existência de um Deus justo que nos sustenta em meio ao caos e produz a esperança da eternidade.
¹ YANCEY, Philip. Decepcionado com Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 1997
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